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Viajando com as crianças – e não dá muito trabalho? (2)

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Continuando E não dá trabalho? (1)

Pois é… as malas dão trabalho mas ao menos não andam sozinhas, já as outras malinhas… 🙂

As malinhas... brincadeira!!! :-)

…brincadeira!!! Oh dó, mas não resisti Ninoca! 🙂

É preciso orienta-los a não se separar em lugares muito cheios. É preciso lembra-los de não esquecer a mochilinha pessoal e aquilo que ela carrega.

É preciso chama-los para fazer o número 1 e o número 2 na hora em que temos um bom banheiro ao alcance (e invariavelmente alguém não o usará para poder deixar sua “lembrança” depois, num banheiro pior! Será um problema no chip dos meus filhos?). Tem mais dicas aqui.

É preciso estar atento para ter uma muda de roupa ou casaco na mão.

É preciso ter água, suquinho e um lanchinho que segure a tarde, ou um imprevisto, até que seja possível sentar num restaurante.

É preciso avaliar se no menu do restaurante tem pratos que apetecem as crianças.

E se você já está cansada(o), ainda falta algo também essencial: é preciso educa-los quanto ao modo de se comportar naquele determinado lugar.

Se não é permitido tocar as obras do museu, “não toque”. Se não é permitido fotografar, “não fotografe”. Se a estatura não é permitida no brinquedo, paciência, deixa para a próxima viagem.

Se nos EUA as crianças têm que usar o “booster” no carro numa idade já liberada no Brasil, respeite, vamos todos sentados nas cadeirinhas e respeitando a lei local. (Mais dicas aqui)

Se na Europa as pessoas falam baixo, não gritam e tentam não incomodar a pessoa ao lado, lá vamos nós explicando, mostrando e exemplificando o comportamento esperado das crianças.

Como brinca o Papis, nas viagens de férias o trabalho sem fim vai com a gente!

Mas não é nossa função mesmo? E afinal de contas, trabalho sem fim é… sem fim! 😉

E viajando é uma ótima oportunidade para conversarmos sobre as diferenças culturais, o respeito às regras, enfim, é uma excelente oportunidade para educarmos nossos filhos para o mundo!

Ficou cansada(o)?

Não desista, viajar com as crianças é muito divertido e enriquecedor! Elas aprendem muito, crescem e nos surpreendem.

E parafraseando algo que sempre ouço: aproveite que elas “ainda” adoram viajar com vocês! 😦

Ai, não! Sou mãe corujíssima! Eles vão sempre estar por perto e o Dito aos 05 anos me prometeu uma viagem para a Disney no meu aniversário de 80 anos, mesmo que eu precise “de uma forcinha numa cadeira de rodas”! Palavras dele 🙂 !

Aí quem vai ter trabalho serão eles! E vão criar um blog: Vovós também viajam!

Viajando com as crianças – e não dá muito trabalho? (1)

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Sim!!! Claro que dá!

Aliás, se alguém tiver a receita de como não ter trabalho com crianças por favor me conte. Aqui em casa são três!

O Papis costuma brincar que: “tem uma solução para alguém solitário e com tempo livre: um filho! É garantia de muito amor, companhia inseparável e trabalho sem fim, literalmente”.

Pois é, o trabalho sem fim nos acompanha nas viagens também. E não é apenas na repetição da ladainha: “Escovou os dentes? Penteou o cabelo? Lavou o rosto?” O primeiro grande trabalho começa com as malas, no plural porque para uma “família de 5” uma só não dá… Será necessário arruma-las, desarruma-las, arruma-las e desarruma-las de novo e ainda guardar as comprinhas do caminho (tem dicas aqui e aqui).

Malas…

Desde o primeiro minuto da viagem até pisarmos de novo na sala de nossa casa elas, as malas, estarão lá, participando de tudo. Põe as malas no carro, põe no carrinho, põe na esteira, põe no ônibus, põe no trem, põe no carro, põe no elevador e assim vai até que você pise em casa novamente. E nós ainda carregamos um carrinho de bebê. Mas as malas ao menos não andam sozinhas, já as outras malinhas… 🙂 Continua no próximo post E não dá trabalho? (2)

O que aprendi viajando

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Vez ou outra alguém nos questiona sobre nossas viagens, sobre as crianças se lembrarem delas e coisas afins.

Dia desses depois de uma destas conversas – questionamentos me peguei pensando sobre o que de fato estes mais de 20 anos de viagens deixou em minha vida e o que eu gostaria que meus filhos apreendessem de nossas viagens.

Na minha vida estes 20 anos deixaram um enraizado entendimento de que não existe nada tão bom que nunca seja ruim, nem tão feio que nunca seja bonito, nem tão certo que nunca esteja errado.

Mas não foi só isso, nestes 20 anos aprendi e apreendi muito.

Aprendi que abacate pode ser salgado. Que feijão e linguiça ou macarrão podem ser café da manhã. Que banho não precisa ser diário.

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Nosso café da manhã no Texas

Aprendi que não existe frio e sim roupa errada. Que é possível viver 6 meses com uma mala de 15kg! 😀 Que carregamos excessos e supérfluos, a vida é mais leve do que imaginamos.

Aprendi que coisas novas e fora de nossa rotina nos enriquecem muito mais do que anos de uma rotina inabalável.

Aprendi que viajar é mais fácil do que imaginamos e que proporciona um prazer que nunca se acaba.

Também apreendi muito nestes anos. Apreendi que as pessoas são mais solidárias que a rotina nos faz enxergar. Que estranhos são do bem na maioria das vezes.

Apreendi que pessoas têm opiniões diferentes, modos de viver diferentes, gostos diferentes, são felizes de forma diferente.

Apreendi que existem muitas formas de solucionar algo, de olhar o mundo, de ser feliz. E inclusive apreendi que posso mudar meu ponto de vista.

Apreendi que aprender línguas é um delicada forma de dizer a um “diferente” que você está disposto a entende-lo.

Apreendi que vez ou outra posso e sou muito feliz fazendo coisas aparentemente contraditórias. Por exemplo, amo de paixão visitar museus – às vezes escolho destinos por causa de seus museus, mas adoro também a Disney e sou capaz de reuni-los no mesmo roteiro e desfruta-los com o mesmo prazer. E o melhor apreendi que isso não torna ninguém paradoxal.

Aliás, apreendi que rotulação e julgamento são antes de tudo a expressão dos limites de cada um.

Apreendi que o mundo é grande o bastante. Tem espaço para gostos neo-clássico e moderno, para gente “coxinha” ou gente “foie gras”, para gente hype chic e hippies anos 70, para Fusca e Jaguar, para o Hermitage e para Miami, para cristãos e muçulmanos.

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Muçulmana fotografando o altar da Igreja Sagrada Família

Apreendi que ninguém está sempre completamente certo ou errado.

E aí me questionei sobre o que eu gostaria que meus filhos aprendessem e apreendessem viajando.

É claro que quando viajamos aprendemos muito sobre história, geografia ou ciências. Faz parte do pacote, apesar de viajarmos desempacotados. 😉

Fonte: Pintrest

Fonte: Pintrest

Mas espero mais do que isso, gostaria que eles apreendessem as diferenças que povoam o mundo e soubessem respeita-las. Que aprendessem a conviver com o diferente com respeito e alegria, entendendo-o apenas como uma alternativa para a mesma coisa.

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Arroz negro


Sinceramente, eu gostaria que eles expandissem seus horizontes para muito além do meu. Que eles compreendessem muito daquilo que eu sequer sou capaz de imaginar.

E vocês conseguem aproveitar?

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É preciso ser sincera… claro que sim!

Passamos dias a fio todos juntos, numa relação intensa e sem a pressão da rotina do dia a dia. Temos tempo para estarmos juntos.

E também nos divertimos muito, passeamos, brincamos, rimos, experimentamos coisas diversas, tiramos fotos, descobrimos novidades e pedacinhos do mundo juntos.

Eles crescem, amadurecem e descobrem muitas coisas nestes dias. E nós estamos lá, ao seus lados.

Agora é claro que esta não é uma viagem de baladas ou restaurantes muito badalados onde não é comum levar crianças. Não bebemos mais do que uma taça de vinho, não dormimos de madrugada, não acordamos às 11:00 horas da manhã.

Mas sempre escolhemos um restaurante muito legal e recomendado para comemorarmos nossas férias, tem dicas aqui.

Uma pracinha de Santiago

Uma pracinha de Santiago

Também não tenha a ilusão de que viajando com as crianças será possível imprimir o ritmo de viagem que dois adultos aguentam.

Não dá para caminhar 12 horas por dia. Também não dá para conhecer todas as esquinas, museus, igrejas, restaurantes e praças de Roma ou Paris ou Nova York em 3 dias. Tampouco conseguirá visitar 5 países em 15 dias. Ah, e subir os mais de 462 degraus no Vaticano… só se for no colo (do Papis) :-O !

Esqueça este tipo de programação e vá mais devagar.

Em cidades grandes, com muitas opções de passeios, escolha cuidadosamente as coisas mais interessantes e concentre-se em aproveitá-las. Considere nesta escolha lugares que tenham coisas que possam atrair e interessar aos pequenos.

E o que ficar faltando? Fica para uma próxima viagem… Não é uma ótima dica!? 🙂

Keep in mind, viajar com as crianças não é uma prova de resistência para elas.

Tente passeios mais devagar, um almoço mais demorado, uma parada num playground… Sabe que num outro ritmo acabamos descobrindo que ficar mais tempo nos lugares e fazer poucas coisas mais devagar é muito divertido?

Descobrimos coisas pequenas que na correria dos 5 países em 15 dias passariam desapercebidas. Existe uma infinidade de pracinhas com playgrounds, padarias, sorvetes, bancas de flores, lojinhas com coisinhas bonitinhas e feiras livres around world. Descubra-as!

Descobrindo um playground em Santiago do Chile

Descobrindo um playground em Santiago do Chile

E com mais tempo passamos pelos mesmos lugares, voltamos a um restaurante ou sentamos numa praça para tomar sol e sorvete como os habitantes do local. Percebemos melhor a forma como as pessoas vivem ali, nos apropriamos do  lugar. E ainda temos tempo para muitas fotos!

E as compras?

Também é possível faze-las, depende de organização, acordos muito claros e uma ajudinha do santo do Papis, que vai ter que distraí-los enquanto você olha umas coisinhas para você.

Agora não tenha a ilusão de que passará dias a fio entrando e saindo de lojas e experimentando toda a coleção de verão. Você não está sozinha em Nova York, né? Nem os Papis mais generosos costumam aguentar uma seção muito intensa de compras, imagine as crianças! Tem mais dicas aqui.

Quase tudo dito, faltou contar que a coisa que mais aproveito quando viajo com as crianças é linda, na verdade um presente delas para mim!

Elas me dão a oportunidade de conhecer ou rever lugares e coisas há muito conhecidos com novos olhos. Com os olhos de criança, aqueles que estão descobrindo o mundo!

Hoje revejo os lugares sob o ponto de vista delas. E é surpreendente a quantidade de coisas que não tinha visto ou percebido antes. Por exemplo, não mensurava o quanto Londres é mágica, um conto de fadas de verdade! (Mais aqui)

Em Londres, o conto de fadas que as crianças me apresentaram

Sinceramente, talvez não tenha aproveitado tanto os lugares e viagens sem as crianças…

Sobre guerras e viagens

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Dia desses aquela conversa que rola no carro depois da aula se enveredou para o tema “guerra”, algo que as crianças estão descobrindo agora.

Aí no meu papel de mãe equilibrista fiquei lá, tentando não assustar e não contando detalhes desnecessários, mas respondendo aquilo que julgava que suportariam.

A conversa foi longa, graças ao trânsito de SP 😦 , e acabou chegando nas cidades bombardeadas:

– Mamãe, mas jogavam bombas para destruir as cidades? E as pessoas? E as escolas? E as casas? E Paris? E Londres? E NY? E São Paulo?

E mamãe se equilibrava na corda bem fininha. Expliquei das muitas guerras que aconteceram na história do mundo, da inabilidade do homem em negociar e de sua necessidade de impor suas posições, dei voltas, mas queriam saber das Guerras Mundiais…

Acabei contando que durante as guerras cidades são sim bombardeadas, invadidas e por vezes destruídas. Algumas delas sofreram na Primeira ou na Segunda ou em ambas as Guerras Mundiais, como Londres. Contei de Viena, que teve 70% da cidade destruída por bombardeios durante a Segunda Guerra. Contei da divisão de Berlim e de sua igreja bombardeada.

Kaiser-Wilhelm Gedächtniskirche - Berlin

Berlim: Kaiser-Wilhelm Gedächtniskirche

Contei que São Petersburgo resistiu por 900 dias ao cerco alemão. Contei que Paris não tinha sido bombardeada na Segunda Guerra porque foi dominada pelos alemães, que tinham ordem para incendia-la mas não tiveram coragem de faze-lo, e quando Paris foi finalmente retomada pelos Aliados houve um desfile pela Champs Elysées.

Não tive coragem de contar sobre as bombas atômicas, não falei das barbaridades contra seres humanos. Não tive coragem.

Mas tentei destacar que o mundo vive hoje uma época de relativa paz, que o Brasil é um país pacífico, reconhecido historicamente por sua habilidade diplomática… blá, blá, blá.

Houve um silêncio tão pesado que eu quase podia ouvir o barulho de algumas tacinhas de inocência e fantasia da infância serem quebradas dentro do Dito e da Iaiá.

Berlim altar

No altar bombardeado de Gedächtniskirche , Cristo perdeu o braço direito. Das coisas mais chocantes  que já vi.

Depois de longos segundos o Dito recomeçou:

– Sabe mamãe, eu acho que além de ter uma lei que obriga a gente a ir para a escola deveria ter também uma lei que obrigasse as pessoas a viajarem. É, porque alguém que conhece outros países e outras cidades, que conhece os moradores de outros lugares, que comeu suas comidas, que tirou foto em em suas praças, que navegou pelos seus rios… nunca teria coragem de mandar bombardear Londres ou colocar fogo em Paris ou qualquer outro lugar no mundo!

*

“Talvez viajar não previna intolerância,

mas ao nos mostrar que pessoas choram, sorriem, comem, sentem medo e morrem,

introduz a idéia de que se tentarmos e entendermos uns aos outros,

podemos até mesmo nos tornar amigos.” – Maya Angelou – tradução livre

*

“Perhaps travel cannot prevent bigotry,

but by demonstrating that all peoples cry, laugh, eat, worry, and die,

it can introduce the idea that if we try and understand each other,

we may even become friends.” – Maya Angelou

Uma forcinha (bem grande…)

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Se você ainda tem dúvidas sobre viajar com as crianças, se ainda se acha uma extraterrestre ou teme ter perdido o juízo, leia esta história.

Este casal sueco partiu para a lua de mel na Austrália, Nova Zelândia, Japão e Indonésia com um bebê de poucos meses. Acontece que eles não foram parar no jornal por causa da longa viagem com um bebê, mas sim por terem estado presentes em todos os desastres naturais ocorridos nestas regiões naqueles meses.

Antes de se impressionar com a história relaxe, acabou tudo bem. Depois perceba que o espanto não é com o fato deles estarem viajando com a filhinha, em lua de mel. Nos países nórdicos as licenças maternidade são enormes, então é comum famílias aproveitarem para realizar longas viagens com os pequenos.

Incrível: Lua-de-mel de casal sueco segue ‘trilha de destruição’ pelo mundo – 10/04/2011

Lua de Mel e desastres naturais pelo mundo 

A viagem de quatro meses de Stefan and Erika Svanstrom, com a bebê Elinor, era para ter sido uma lua-de-mel descontraída e ensolarada, mas acabou sendo marcada por desastres naturais.

Começando pela Alemanha onde enfrentaram uma tempestade de neve, foram para a Austrália, onde passaram por áreas afetadas por incêndios florestais, além de tempestades de monsões, lá e em Bali, na Indonésia.

Depois foram para Cairns, na Austrália, onde atravessaram o ciclone Yasi, o mais destrutivo a atingir a região em vários anos. Na próxima parada, o Japão, acabaram vivendo o terremoto em Tóquio.

Para encerrar, foram para Brisbane, na Austrália, logo depois das enchentes que devastaram a região.

Stefan, Erika and  Elinor

Veja mais na BBC:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/multimedia/2011/04/110408_videoluademelebc.shtml

Por que viajar com as crianças? (1)

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Uma perguntinha com muitas respostas…

A primeira, e provavelmente a mais fácil delas, pode ser a seguinte:

Viajamos com as crianças para descansarmos, para nos divertir, para ficarmos juntos, para conhecermos coisas novas.

Viajamos para brincar na praia, para andar de bicicleta, para subir na Tour Eiffel, para tirar foto da rainha ou com o Mickey! E quem sabe, com alguma sorte, um dia ainda encontramos sir Paul McCartney e postamos as fotos aqui! 🙂

Tudo isso é verdade, mas não é a única razão que nos leva a viajar com as crianças.

Para relaxar na praia…

Uma outra resposta, um tantinho mais complexa…

Viajamos com as crianças porque o mundo em que elas nasceram é menor do que aquele em que nasci. É um mundo em que 1 bilhão de pessoas circulam em torno do globo terrestre todos os anos. É um mundo em que um filme amador feito em Los Angeles “cai na rede” e provoca ondas de ataques em 20 países em diferentes continentes, inclusive o europeu. É um mundo em que as informações circulam de forma incessante. É um mundo em que o mandarim começa a ser uma língua estudada por crianças ocidentais. É um mundo onde o Brasil não é mais o país do futuro, o futuro chegou.

É passado aquele mundo em que a geração de meus avós viveram, muitos deles imigrantes que sequer ousaram sonhar em um dia pisar novamente na terra natal. Dentre eles poucos o fizeram. Era um mundo que vivia guerras, destruição e pobreza.

É também passado o mundo em que a geração de meus pais viveram, onde alguns deles ousaram sonhar em conhecer a terra natal dos pais ou Paris. “Ah, Paris a cidade mais linda do mundo”, diz Remy no desenho Ratatouille… a viagem dos sonhos de uma vida. Alguns chegaram lá. Foi um mundo de reconstrução pós-guerra e que tinha muito menos.

Em 1964, já famosos… Fonte: Beatles Bible

E é também passado o mundo em que minha geração cresceu, onde o Brasil era prometido como o país do futuro e começava a trilhar caminhos democráticos. Alguns de nós ganharam uma viagem para Disney no aniversário de 15 anos, outros ganharam um programa de intercâmbio para aprimorar o inglês, outros fizeram estágios internacionais ao concluir a faculdade, outros fizeram especialização ou doutorado sanduíche. Ouso dizer que minha geração sonhou com Paris, muitos chegaram lá e alguns continuaram na estrada rumo a Londres, Roma, Barcelona, Nova York, San Francisco, Santiago, Sydney… o mundo começou a ficar menor ou melhor, as distâncias tornaram-se menores.

Então vem a geração de meus filhos, nascida no futuro de um país promissor de um mundo conectado. Uma geração que começa a olhar o mundo através de uma tela touch screen de um iTudo. Filha de uma geração que já experimentava um mundo com distâncias menores.

Patinando no gelo numa noite de Natal em Bruges - Bélgica

Patinando no gelo numa noite de Natal em Bruges – Bélgica

E são justamente estas distâncias que conferem ao mundo de hoje este novo tamanho que nossos filhos passam a enxergar, tamanho este que impõe novos olhares sobre ele mesmo.

A diversidade cultural, econômica, religiosa do mundo fica cada vez mais evidente neste mundo conectado e cada vez mais próximo. Aprender o respeito, a tolerância e a convivência pacífica é dos exercícios mais importantes que desafiam esta geração que cresce sob nossos olhos. E este aprendizado ganha muita força justamente em viagens.

Voltamos então ao sonho de Paris. Ah, Paris continua lá lindíssima, talvez a cidade mais linda que o homem já construiu. Também cada vez mais muçulmana – apenas uma respeitosa constatação minha sem qualquer juízo de valor ou fundamento científico, o que justamente a torna um excelente exemplo do respeito às diferenças.

Talvez comece em Paris o sonho desta nova geração, no entanto ele não se extingue aí. Alça vôos maiores, inimagináveis para as gerações anteriores. Eles olham para a Ásia e alguns já ousam sonhar com a Índia, Japão, Singapura ou China!

“Nossa mamãe, nunca estive tão próximo do Japão!” comentou o Dito mirando o Pacífico em Santa Monica – Califórnia e sonhando com o Japão…

Para esta geração, a China e seu mandarim são só uma questão de tempo.

“A mente que se abre a uma nova idéia

jamais voltará ao seu tamanho original.”

Albert Einstein

Quando nós começamos?

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Um pouco menos radical que os nórdicos, pelo menos quando éramos mais inexperientes, nós gostamos de começar com pequenos percursos de carro feitos em poucas horas de viagem, especialmente para lugares familiares onde já conhecemos a infraestrutura que nos espera.

Falando claramente, nossos três filhos fizeram suas primeiras viagens de carro em torno dos 2 meses de vida. Nos três casos fomos para o interior, para a casa onde nasci onde a infraestrutura é mais do que conhecida e dista cerca de 200km de nossa casa.

Estas pequenas viagens de carro são muito educativas e proveitosas para todos. A partir delas, na medida em que nos sentimos seguros e percebemos na criança condições para passos maiores, vamos então aumentando os trechos.

Já a primeira viagem de avião tem variações entre os filhos e refletem nossa experiência adquirida.

Com nosso primeiro filho, ainda iniciantes, viajamos quando ele tinha cerca de 6 meses de vida para a casa dos avós, a 2.000km de distancia.

Dito (06 meses) nos idos tempo da Varig

Com a segunda filha, já mais experientes, fomos para Salvador e Costa do Sauípe quando ela tinha quase 3 meses de vida.

E com a terceira filha fomos aos 2 meses para a casa dos avós (2.000km) e depois aos 4 meses para a Europa.

Iaiá (05 anos) e Ninoca (04 meses) na Eurodisney. Será que elas estavam gostando?

Iaiá (05 anos) e Ninoca (04 meses) na Eurodisney

Alguns acharam que tínhamos perdido o juízo na última viagem?

Claro que sim! Mas o que é preciso ter claro é que não nos aventuramos sem rumo com duas crianças e um bebê de 4 meses. Tudo foi meticulosamente planejado para desfrutarmos nossas férias tranqüilamente.

Mas e os riscos?

Bem, riscos e imprevistos são intrínsecos à vida!

Primeiras viagens

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Quando começar a viajar com as crianças?

Perguntinha tão comum quanto difícil e não é a única…

Esta foi uma dentre as muitas dúvidas que me acompanharam durante a primeira gravidez.

Hoje, depois de três filhos e com alguma experiência no assunto, acredito que os primeiros passos são a reflexão que nos leva à certeza de que vamos continuar viajando, só que agora com as crianças!

Comece quando o coração disser que é a hora. Quando se sentirem prontos e com forças para dar início ao movimento, ainda que muitos achem que vocês perderam o juízo. E alguns vão mesmo achar isso! :-O

Quando tiver a certeza de que não ficou louca e de que não é um extraterrestre por planejar viajar com as crianças… boa viagem! Já pode começar a planejar! 🙂

Ninoca aos dois meses numa conexão em BrasíliaNinoca aos dois meses numa conexão em Brasília

Mas relaxe se não lhe parecer fácil, na prática não é fácil mesmo. É uma decisão que envolve diversas variáveis e escolhas familiares muito pessoais.

Depende de seu ponto de vista, suas escolhas, sua experiência com viagens, suas possibilidades financeiras. Depende de muito planejamento.

Mas depende também, e muito, do seu bebê e de mamis e papis. Depende daquele jeitinho entre mães e filhos, depende da confiança do bebê em você e sua segurança com relação a ele. Depende da disposição e tranqüilidade sua e de papis com relação à mudanças, movimentos, alteração da rotina, imprevistos.

Sim, porque viajar implica “necessariamente”: sair da rotina e mudar o sono, os costumes e as refeições… Se for ficar louca querendo reproduzir tudo igualzinho “lá em casa”… melhor ficar em casa. Avalie bem!

Então, estão tranqüilos, vai ser um prazer para vocês?

Se sim, comece consultando seu pediatra. A princípio os pediatras liberam algumas voltinhas das crianças entre o segundo e terceiro mês de idade, se tudo estiver bem.

Isso não significa que dar a volta ao mundo com um nenê que mal abre os olhos já está liberado, ou seja simples. Na prática, cada caso é um caso, cada filho é de um jeito, cada lugar demanda uma disponibilidade.

Com o primeiro filho acho mais fácil começar com pequenas viagens de carro para lugares próximos, de preferência algum lugar já conhecido. Atente para o clima local e conforto para banho, mamadas e sono do bebê.

E na medida que se sentir segura vá aumentando estes passos, distâncias e experiências.

O limite? É o mundo!

Ninoca dando umas voltinhas em Londres aos 04 mesesNinoca dando umas voltinhas em Londres aos 04 meses

E aí, se quiser mesmo dar a volta ao mundo não se sinta um extraterrestre. Dê uma olhada em: “Uma forcinha (bem grande…)”  , “Mais uma forcinha” e “Um empurrãozinho”.

Também pesquise em blogs americanos e europeus. Especialmente nos países nórdicos os pais aproveitam as longas licenças maternidade/ paternidade e dão sim a volta ao mundo com bebês!

Só não nutra a ilusão de percorrer todas as esquinas de Roma em dois dias e acompanhada por um bebê. Tampouco conhecer sete países em 20 dias e aproveitando o Europass até o limite. Já não são mais dois adultos viajando ou mochilando sozinhos, né?

Viajar com as crianças não é, nem deve ser, uma prova de resistência para elas, tá?

E para ajudar, tenha em mente: bebês são iguais em todos os lugares do mundo! Todos têm as mesmas demandas: choram (note que não estou falando de chiliques), fazem xixi e cocô e dormem.

Se seu bebê se enquadrar nesta descrição básica, bingo! Ele não é um extraterrestre! 🙂

Pode apresenta-lo ao restante da humanidade. Será bem vindo!

“A journey of a thousand miles must begin with a single step.” – Lao Tzu

Aqui tem…

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Aqui tem… nossa experiência em viagens com as crianças, nossas reflexões e algumas conversas com amigos sobre viagens, filhos, escolhas.

São histórias, sugestões, dicas, informações, pesquisas e comentários absolutamente pessoais, aqueles que envio ou enviaria a nossos amigos. Facilitou para os amigos e para mim. E se ajudar mais alguém será perfeito.

E como o tema central é viagem, Crianças também viajam! adotou uma antiga e interminável coleção de recortes com dicas de lugares mundo afora que eu juntava há anos sem saber ao certo para que.

Então você vai encontrar aqui um pouquinho de tudo isso e provavelmente mais algumas outras coisas que eu talvez ainda nem tenha descoberto! 🙂

Mas por favor tenha em mente: não aspiro ser a última palavra sobre qualquer roteiro, destino ou forma de viajar com as crianças. Também não sou jornalista, não trabalho com turismo ou em revistas de turismo.

Respeito, absolutamente, as opiniões diferentes da minha e adoraria ouvir comentários.

E se você tem histórias de suas viagens com seus filhos mande para cá, será um prazer publica-las.

Obrigada pela visita e boa viagem!

Numa praia por aí...

Numa praia por aí…

Este blog

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Há muitos anos li “Cartas a um jovem poeta” de Rainer Maria Rilke. Uma profunda lição de vida na forma de dez cartas escritas por Rilke a um jovem alemão que vivia momentos de incerteza quanto a seu futuro como poeta.

“Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever;

examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma;

confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever?

Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite:

Sou mesmo forçado a escrever?”  Ed. Globo, 16a. edição, p.22

Estas Cartas deixaram balizas que me acompanham por todos estes anos. Não porque eu seja uma poetisa ou um dia tenha aspirado algo próximo a isso. Mas compreendidas como lição de vida sustentaram escolhas e respostas que dei a mim mesma ao longo do caminho.

E mais uma vez as questões de Rilke me espreitam: por que criar um blog? Sou mesmo forçada a isso?

Não sou tão romântica quanto Rilke, também já não tão jovem e tampouco poeta. Logo, é claro que não morreria se não o fizesse. Mas de alguma forma me sinto forçada a cria-lo, a ideia do blog me persegue há algum tempo e não quis me deixar. Cresceu, tomou forma.

Mas por que cria-lo?

Porque amo viajar. Porque amo viajar com as crianças. Porque amo planejar viagens. Porque amo blogs e informações sobre viagens. Porque amo escrever, embora não seja escritora ou jornalista. Porque vivo viajando, em casa ou pelo mundo. Ah, e porque os amigos estão sempre me perguntando coisas sobre viagens.

Quase mais um filho gerado, então vamos ao parto!

Eis Crianças também viajam, e elas adoram! 

Bem vindo, Welcome, Bienvenue, Willkommen, Bienvenidos 🙂